Por: Monica Valêncio
Atualizado em 16/01/2024
São Paulo -SP
O nome Rollerblade se confunde com os próprios patins inline, porque a história dos dois está fundida em um sonho de dois irmãos jogadores de hockey no gelo que queriam treinar, no asfalto, em dias de verão. O ano era 1979, quando os irmãos americanos Scott e Brennan Olson levaram a diante a ideia de construir um par de patins cujas rodas estivessem em uma única direção, “em linha”.
Patins Rollerblade Max RB110.
Fonte: Rollerblade (2023)
Antes de falarmos do ano de 1979, vamos entender um pouco da história da criação dos patins. Todos os tipos existentes hoje têm como ancestral comum os primeiros patins de ossos, utilizados por caçadores para atravessar lagos gelados há cerca de 3000 anos antes de Cristo. Esses primeiros tipos de patins foram encontrados no norte da Europa e na Rússia, O par de patins de ossos mais antigo, que se tem notícia, foi retirado do fundo de um lago na Suíça, datado de cerca de 3000 A.C. (Antes de Cristo).
Réplica dos primeiros patins ósseos de 3000 anos A.C.
Fonte: Formenti (2019)
Em 1742, os patins de gelo já contavam com lâminas de metal, quando houve os primeiros movimentos para a criação um patim sobre rodas, era natural que ele fosse baseado nas lâminas dos patins de gelo, ou seja era imediato pensar que esse patim teria suas rodas dispostas em uma única linha, contudo todas as tentativas de se criar esse tipo de patins falharam.
No ano de 1760 John Joseph Merlin projetou o primeiro par de patins. Eles foram feitos afixando rolos de metal em uma tábua de madeira com alças de couro para segurar os pés dentro. Eles tinham uma boa sustentação em função das quatro rodas, mas o eixo era rígido e não permitia muitas manobras
Primeiro modelo de patins com estrutura de metal
Fonte: Sutori (2022)
A primeira patente de um patim de roda foi pedida por um francês de nome Petitbled no ano de 1819, como conceito eles se aproximavam muito dos atuais “Patins Inline”. O ponto negativo é que esses patins não eram muito manobráveis e não podiam ser usados por muito mais do que uma curva larga ou uma linha reta. Eles tinham a sola de madeira, com rodas também de madeira dispostas em linha reta.
Primeiro Patins patenteado em 1819
Fonte: Sutori (2022)
Em 1823, Robert John Tyers patenteou um patim chamado Rolito, ele tinha cinco rodas dispostas em uma única fileira na parte inferior de uma bota. O patim Rolito também tinha problemas para fazer curva, ao contrário dos patins de hoje.
Por centenas de anos, muitos inventores tentaram aperfeiçoar o modelo dos patins em linha, contudo não havia materiais e tecnologias disponíveis que fizessem com que esses patins tivessem a mesma leveza e facilidade de domínio, que os patins de gelo permitiam.
Projeto de Patins Rolito de 1823
Fonte: Sutori (2022)
Em 1863, o americano James Plimpton melhorou e patenteou um novo design de patins. Ele foi projetado com quatro rodas, duas na frente e duas atrás, além disso a base era flexível de forma que o patinador poderia se inclinar para direcionar os patins. Este novo design aumentou imensamente a manobrabilidade que garantiu o sucesso dos patins que hoje são conhecidos como Quad.
Desde Plimpton os patins Quad tornaram-se os modelos dominantes, por mais de um século. Durante esse tempo, em diferentes países e diferentes momentos, aconteceram algumas inciativas com o propósito de se criar um par de patins “Inline” que fosse viável contudo, nenhuma se mostrou consistente a ponto de ser utilizável.
Patins patenteado por James Plimton em 1863
Fonte: Online Skating (2021)
No ano de 1966, Gordon Ware, então diretor da CRS (Chicago Roller Skate), projetou pessoalmente um novo par de patins em linha (estilo Hockey) que chegou a ser patenteado, infelizmente o conceito foi considerado muito à frente de seu tempo, e rapidamente o projeto foi engavetado.
Chegamos ao final do ano de 1979, quando os dois irmãos jogadores de Hockey de Minnesota, Scott e Brennan Olson, pesquisavam uma forma de construir um patim de rodas mais próximo dos patins de hockey no gelo, com o propósito de treinarem no verão. Como resultado dessa busca, em 1980, nasceu a empresa Ole’s Innovative Sports, que posteriormente viria a se tornar a Rollerblade.
No começo da empresa houve uma busca pelo desenvolvimento de protótipos, que pudessem transformar as ideias dos irmãos em realidade. Infelizmente, nenhum desses protótipos atendeu às expectativas, foi quando Scott ficou sabendo que existia uma patente de um par de patins “inline” de 1966 e que pertencia à fabricante de patins CRS (Chicago Roller Skate).
O ano era 1981, Scott Olson viajou para Chicago e vivenciou uma tensa negociação com os diretores da Chicago Roller Skate, que depois de algumas negativas acabaram cedendo ao ímpeto do jovem empreendedor que adquiriu a compra dos direitos de licenciamento dos patins “Inline”.
Projeto de Patins em linha da CRS
Fonte: Made in Chicago Museum (2020)
No começo da Rollerblade algumas falhas de projeto quase colocaram tudo a perder, uma das maiores dificuldades era justamente limpar os patins, outro problema estava relacionado às rodas que se degradavam com muita facilidade. Com o avanço da tecnologia a empresa passou a usar rodas de poliuretano, que eram mais resistentes e tinham ótima performance.
A inexperiência dos fundadores, fizeram com que a empresa tivesse um começo turbulento, acumulando uma dívida pesada nos primeiros anos de existência. Em 1985, a Rollerblade, Inc. foi vendida para Robert Naegele Jr, um empreendedor de Mineápolis.
Patins Inline da primeira Geração
Fonte: Rollerblade (2022)
Com investimento na marca, mudanças em seus projetos iniciais e uma postura agressiva de marketing a Rollerblade teve um crescimento contínuo, em 1988 ela dominava o mercado, com vendas próximas de US$ 10 milhões.
A empresa atingiu o seu auge no início dos anos 90, marcando para sempre o seu nome na história, como a primeira empresa que conseguiu para viabilizar financeiramente, a produção dos patins Inline.
Em 1995, Nagaele vendeu a Rollerblade, por 150 milhões de dólares para a empresa Nórdica, multinacional gigante fabricante de botas para esqui. Com um grande aporte a empresa continuou crescendo e expandindo o seu “conceito de patinação” para o resto do mundo.
Scott Olson, fundador da Rollerblade
Fonte: Patins.com.br (2022)
Quando Scott Olson vendeu a Rollerblade ele negociou uma cláusula no contrato que lhe dava direito à royalties de 1% sobre as vendas futuras, por tempo indeterminado. Até 1997 Scott já tinha recebido mais de dez milhões de dólares por esses royalties.
O irmão de Scott, Brennan Olson continuou na Rollerblade, no cargo de diretor de pesquisa, ele contribuiu com vários avanços na fabricação dos patins inline. Naturalmente, também se tornou milionário, mas por diversas vezes ele se pronunciou dizendo que a sua maior realização foi o fato ter contribuído para popularizar um novo esporte, um novo conceito de vida, que acabou criando uma nova palavra em inglês Rollerblading (Patinação sobre rodas).
Os irmãos Brennan e Scott Olson, fundadores da Rollerblade
Fonte: Rollerblade (2022)
Como pioneirismo a Rollerblade se tornou sinônimo para patins “Inline”, a empresa entendeu isso como um ponto negativo e chegou a lançar uma campanha de marketing para proteger o seu nome. Ela viveu sua década de ouro entre 1980 e 1990, com um crescimento vertiginoso da patinação Inline, que se espalhou pelo mundo todo.
Durante a década de 90, houve uma manutenção na expansão do mercado e da indústria Inline, que foi estimulada por grandes avanços na tecnologia dos patins. Usando materiais mais leves, mais fortes, preços mais baixos e tecnologias como o revolucionário freio ABT®. Todos esses movimentos fizeram com que a patinação se tornasse mais acessível para pessoas de todas as idades e independente de suas habilidades.
Na linha do tempo da evolução da Rollerblade podemos destacar o ano de 1989, quando ela lançou os modelos Macro e Aeroblades. Eles foram os primeiros patins com três fivelas, em vez dos longos cadarços conhecidos na época. Um ano depois a Rollerblade substituiu os componentes dos patins para poliuretano, que trouxe uma redução de peso dos patins em mais de 50%.
Logomarca da Rollerblade
Fonte: Rollerblade (2022)
Em 1993, Rollerblade introduziu a tecnologia Active Brake, um conceito de freio totalmente inovador que trazia uma facilidade para o patinador parar. Este foi um avanço no design que aumentou a segurança e aprimorou muito o equipamento.
Houve uma recuperação no início dos anos 2000, com a inclusão de novas linhas como Speed (Corridas), Fitness (Recreação), Urban (Estilo Livre), Street. Os produtos relacionados à patinação Inline já estavam sendo vendidos em dezenas de países, desde os Estados Unidos e Canadá até Colômbia, Hong Kong, Índia, Noruega, Suíça, Arábia Saudita, Reino Unido, Uruguai e outros.
Ainda no início dos anos 2000, houve uma nova “onda” de pistas de patinação pelo mundo, contudo dessa vez os patins dominantes eram os “Inline”. Nessa época, nos Estados Unidos, cerca de 32 milhões de pessoas praticavam a patinação Inline. O som que acompanhava as baladas de patins era a música eletrônica.
Patins de Recreação Zetrablade
Fonte: Rollerblade (2022)
Nos últimos 20 anos, a patinação Inline teve altos e baixos, mas é inegável a contribuição que a Rollerblade trouxe para o mundo da patinação, antes dela os patins estavam restritos a áreas fechadas, em pisos lisos e uniformes. Com o novo conceito do Inline, a patinação veio para as ruas e trouxe liberdade de movimento, um novo estilo de vida.
A música sempre esteve presente nesse novo estilo de vida, da patinação Inline. Coincidentemente, foi no início dos anos 80 que o walkman explodiu em vendas, era muito comum vermos pessoas patinando plugadas nos seus fones de ouvido, imersas no seu mundo musical.
Grupo de Jovens patinando em estrada
Fonte: Reference (2022)
Também são inegáveis as contribuições dos patins Inline em termos de esportes tais como: o Hockey Inline, a patinação de velocidade, slalom, recreação e a patinação agressiva, que envolve street, park e vertical, além do Inline downhill. Todas essas vertentes têm federações e campeonatos regulares.
Algumas dessas modalidades são muito marcantes até os dias de hoje, como Hockey Inline que tem uma presença muito forte no Brasil, em cidades com Amparo, Taubaté, e a própria capital paulista. O esporte tem campeonatos competitivos, e que formam jogadores que nos representam muito bem, em campeonatos Internacionais de Hockey Inline.
Outras modalidades, infelizmente, perderam força como a modalidade Vertical, que no seu início participou do X-Games, mas que posteriormente foi perdendo espaço para o skate, e hoje não tem a mesma representatividade do seu início, mesmo assim existe um grupo considerável de praticantes.
Equipe do Palmeiras de Hockey inline
Fonte: FPHP (2023)
Em janeiro de 2024, a Rollerblade continua líder no mercado e certamente é o nome mais forte quando falamos de patinação “Inline”. Existe uma busca constante pela inovação, para que seus produtos sejam mais confortáveis e tragam maior performance.
Ao longo desses anos, a tecnologia de patins continuou a avançar, inovações em novos materiais, como quadros leves e forros respiráveis, aumentaram o conforto e o desempenho. A tecnologia aprimorada de rodas e rolamentos também contribuiram para deslocamentos mais suaves e rápidos.
Atualmente, a empresa tem um rico portfólio de produtos que abrangem muitas linhas como: Fitness (Recreação), Speed (Corridas), Speed (Longas Distâncias), Slalom (Performance), Urban (Estilo Livre), Street, Patins de Gelo (Recreação)
Passados 40 anos de sua fundação, a Rollerblade está mais viva do que nunca e com a sua marca fortalecida. Ela continua sendo sinônimo de patins Inline, mais que isso, continua sendo uma lenda entre aqueles patinadores que amam o esporte praticado sobre as rodas alinhadas, em uma única fila.
http://blog.patins.com.br/quando-os-patins-foram-inventados/
http://blog.patins.com.br/a-historia-da-rollerblade/
https://www.brasilzerograu.com.br/2018/07/brasil-mundial-hoquei-inline.html
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https://floatonwheels.com/inventor-of-rollerblades/
http://www.fundinguniverse.com/company-histories/rollerblade-inc-history/
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https://online-skating.com/featured-articles/james-leonard-plimpton-usa-the-father-of-traditional-roller-skating/
https://www.quora.com/Who-was-the-inventor-of-the-rollerblade
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https://www.rollerblade.com/brasil/pt
https://www.rollerblade.com/files/16984/Unknown-6.jpeg
https://www.rollerblade.com/the-rollerblade-experience/fitness/rollerblade-creator-scott-olson-will-attend-the-bmw-berlin-marathon/